sábado, 29 de setembro de 2012

"A GLORIOSA GRAÇA DE DEUS"


A Gloriosa Graça de Deus

Há aproximadamente cem anos, Julia H. Johnson compôs a letra de um hino intitulado Grace Greater Than Our Sin [“Graça Maior que o Nosso Pecado”; conhecido em português pelo título: Graça de Deus, Infinito Amor]. A quarta estrofe desse hino sintetiza com muita propriedade o conceito da graça de Deus:
Maravilhosa,
incomparável graça,
concedida livremente a todo
o que nEle crer;
tu que anelas ver Sua face,
queres neste instante
Sua graça receber?
Nós que recebemos a graça de Deus por intermédio de Jesus Cristo, de fato, constatamos quão maravilhosa e incomparável é essa graça. Entretanto, qual é o significado da expressão Graça de Deus?

A Definição da Graça de Deus

A definição encontrada em um dicionário para o termo graça é a seguinte: “O favor imerecido que Deus concede ao homem”. Embora tal definição seja verdadeira, é incompleta. Graça é um atributo de Deus, um componente do caráter divino, demonstrada por Ele através da bondade para com o ser humano pecador que não merece o Seu favor.
Um Deus santo não tem nenhuma obrigação de conceder graça a pecadores, mas Ele assim o faz segundo o bem querer da Sua vontade. Ele demonstra graça ao estender Seu favor, Sua misericórdia e Seu amor para suprir a necessidade do ser humano. Visto que o caráter de Deus é composto de graça, movido por bondade Ele espontaneamente se dispõe a conceder Sua graça à humanidade pecadora em nosso tempo de aflição. A graça de Deus pode ser definida como “aquela qualidade intrínseca do ser ou essência de Deus, pela qual Ele, em Sua disposição e atitudes, é espontaneamente favorável” a outorgar favor imerecido, amor e misericórdia àqueles que Ele escolhe dentre a humanidade desmerecedora.1

A Declaração da Graça de Deus

Ao longo de toda a Bíblia, a graça de Deus se manifestou em três estágios. No primeiro, Deus revelou Sua bondade e graça ao demonstrar misericórdia, favor e amor para com todos os homens em geral, mas para com Israel em particular. No segundo estágio, Deus expressou ou apresentou Sua graça, de forma mais clara, através de Jesus Cristo, o qual veio ao mundo para pagar pelos pecados do homem mediante Sua morte sacrificial na cruz. No terceiro, a graça de Deus proporciona salvação e santificação a todos os que, pela fé, confiam em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas.
Na Septuaginta, uma antiga tradução das Escrituras do Antigo Testamento para a língua grega, o termo grego traduzido por “graça” é charis que significa “graça ou favor imerecido”. As Escrituras Hebraicas não possuem nenhum termo hebraico equivalente. Os termos originais hebraicos traduzidos na Septuaginta por charis são chanan ou chen, que se traduzem por “graça”, “favor” ou “misericórdia”.
Essas duas palavras hebraicas são usadas no Antigo Testamento para retratar o mesmo significado de charis: (1) mostrar misericórdia para com o pobre (Pv 14.31); (2) proporcionar misericórdia àqueles que invocam a Deus em tempo de angústia (Sl 4.1; 6.2; 31.9); (3) demonstrar favor a Israel no Egito (Êx 3.21; 11.3; 12.36); e (4) conceder (Deus) Sua graça a determinadas pessoas, tais como Noé (Gn 6.8), José (Gn 39.21), Moisés (Êx 33.12,17), e Gideão (Jz 6.17). Além disso, a graça de Deus será derramada sobre a nação de Israel no tempo da sua salvação (Zc 12.10).
A graça e a misericórdia também foram manifestadas a nações inteiras. O Senhor, por Sua graça, libertou o povo de Israel da escravidão no Egito.
Outros termos hebraicos, tais como,racham ou rachamim (i.e., “misericórdia”) echesed (“amor leal” ou “bondade”) muitas vezes ocorrem juntos no texto hebraico para expressar o conceito da graça de Deus (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl 86.15; 145.8; Jl 2.13; Jn 4.2). Graça, amor e misericórdia estão explicitados na aliança de Deus com o rei Davi, a qual se estendeu a seu filho Salomão mesmo depois que este veio a pecar no decurso de sua vida (2 Sm 7.1-17).
Deus não outorgou Seu amor e graça a Israel por qualquer mérito dessa nação. Deus escolheu Israel para que fosse o povo de Sua propriedade exclusiva através de um ato de pura graça (Dt 7.6-9).
A graça e a misericórdia também foram manifestadas a nações inteiras. O Senhor, por Sua graça, libertou o povo de Israel da escravidão no Egito, supriu as necessidades da nação durante sua peregrinação no deserto e lhes concedeu a terra de Canaã. O amor do profeta Oséias por sua esposa Gômer, uma prostituta, ilustrava a graça e misericórdia de Deus para com Israel. Embora Gômer fosse uma esposa infiel, Oséias demonstrou-lhe graça, misericórdia e amor, ao resgatá-la do mercado de escravos pelo pagamento de um preço. Ela tipificava a nação de Israel redimida da escravidão do pecado.
Pela graça de Deus a ímpia cidade de Nínive foi poupada da destruição ao arrepender-se de seu pecado com a pregação de Jonas.
No Novo Testamento, o conceito de graça encontra uma expressão mais precisa, rica e completa no termo grego charis, o qual ocorre, no mínimo, por 170 vezes. A graça de Deus assume uma dimensão pessoal totalmente nova e se torna evidente ao ser humano nas palavras e obras do ministério redentor de Jesus Cristo. Que prova maior da graça de Deus poderia ser dada do que essa da salvação?
Foi o próprio Deus que, em Sua bondade e graça, tomou a iniciativa de providenciar a salvação para o homem após a queda de Adão no pecado. A graça de Deus se revela à humanidade de duas maneiras fundamentais:

A Graça Comum

A graça comum se refere ao imerecido favor, amor e cuidado providencial de Deus, estendidos a toda a raça humana em corrupção, pelos quais Deus derrama Suas bênçãos sobre todos em geral, tanto sobre os salvos quanto sobre os descrentes (Sl 145.8-9). Deus refreia Sua ira contra a humanidade pecadora, concedendo a uma nação ou a uma pessoa o tempo necessário para que se arrependa – o que vem a ser uma extensão da graça comumdo Senhor.
graça comum também pode ser constatada na obra do Espírito Santo, quando este move o coração de uma pessoa ao persuadi-la(lo) e convencê-la(lo) da necessidade de buscar a salvação por intermédio de Jesus Cristo (Jo 16.8-11).

A Graça Especial

Graça = Favor imerecido que Deus concede ao homem.
A segunda maneira de Deus revelar Seu favor é através da graça especial,comumente denominada de graça eficaz, efetiva ou graça salvadora. A graça de Deus é eficaz na medida em que produz salvação na vida dos indivíduos eleitos que depositam sua fé na morte de Cristo e no sangue que Ele derramou na cruz para remissão de seus pecados. A graça eficaz é conhecida por experiência no momento em que Deus, pela instrumentalidade do Espírito Santo, opera de forma irresistível na mente e no coração de uma pessoa, de modo que o indivíduo escolha livremente crer em Jesus Cristo como seu Salvador.
Os crentes em Cristo são chamados, não segundo suas obras de esforço próprio, mas conforme a “determinação e graça” de Deus (2 Tm 1.9).
O apóstolo Paulo é um exemplo clássico da chamada eficaz de Deus. Ele foi chamado, não por sua vontade, mas “pela vontade de Deus” (1 Co 1.1). Na realidade, ele tentava destruir a Igreja até o momento em que se converteu a Cristo, conversão essa que ocorreu pela graça de Deus (At 9).

A Demonstração da Graça de Deus

A graça de Deus se evidencia de diversas maneiras na vida de um crente em Cristo.

Graça Salvadora

A palavra salvação é um termo abrangente. Refere-se ao ato redentor de Deus pelo qual Ele, no presente momento, redime o indivíduo da penalidade e do poder do pecado, e, no futuro, libertará o crente em Cristo da presença do pecado na ocasião da glorificação dos salvos. A salvação é um dom gratuito de Deus, concedido a uma pessoa em virtude da graça, por meio da fé, independente de qualquer obra ou mérito da parte da pessoa que o recebe. No momento da salvação, a graça imerecida e a fé do crente são dons que procedem diretamente do Senhor àqueles que põem sua fé em Cristo (Ef 2.8-9).
A graça da salvação, oferecida na atual dispensação, inclui cada aspecto da obra redentora de Deus em favor dos crentes em Jesus e abrange a redenção, a propiciação, a justificação, o perdão, a santificação, a reconciliação e a glorificação para aquele que, pela fé, recebe a Cristo.

Graça Santificadora

Deus, por intermédio do Espírito Santo, providenciou dons espirituais sobrenaturais com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em Cristo para o seu ministério [i.e., serviço] na igreja local.
Naquele momento em que a pessoa, pela fé, recebe a Cristo, ele (ou ela) é santificado pela graça de Deus. A palavrasantificação significa “tornar santo” ou “separar para Deus” com propósito ou uso sagrado. A Bíblia menciona pessoas, lugares, dias e objetos inanimados consagrados (i.e., separados) a Deus. No que se refere a um indivíduo, a santificação pode ser definida como a obra da livre graça de Deus através do Espírito Santo, na qual Ele separa o crente para ser amoldado ou conforme à imagem de Cristo.
As Escrituras se referem a três estágios de santificação pela graça de Deus. O primeiro deles é o da santificação posicional que diz respeito à posição santa do crente perante Deus, fundamentada na redenção que Cristo efetuou a seu favor.
O segundo estágio é o da santificação progressiva, na qual o crente em Cristo se encontra no processo de ser santificado através da Palavra de Deus (Jo 17.17). Os crentes são exortados a crescer “na graça” (2 Pe 3.18); na busca desse crescimento, tornam-se recipientes do favor imerecido que procede do Senhor. O crescimento na graça não é obtido por meios naturais, mas se dá através do estudo da Palavra de Deus (2 Pe 1.2-3,5-6,8). À medida que um crente em Jesus cresce na graça, o fruto do Espírito se torna manifesto através da vida dele ou dela (Gl 5.22-23), levando a pessoa a uma conformidade com a imagem e semelhança de Cristo (Rm 8.29).
O terceiro estágio é o da santificação completa ou perfeita, que os crentes conhecerão por experiência quando receberem seus corpos glorificados e se completar a sua redenção (Rm 8.30; Ef 5.27). Esse acontecimento se concretizará na ocasião do Arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.16-17).

Graça Servidora

A palavra dom (do termo grego charisma: “dádiva ou dom da graça”) se refere a um favor que alguém recebe gratuitamente, sem merecê-lo. Deus, por intermédio do Espírito Santo, providenciou dons espirituais sobrenaturais com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em Cristo para o seu ministério [i.e., serviço] na igreja local. Não existe apenas um dom, mas, sim, uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes (Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-11; Ef 4.7,11-12; 1 Pe 4.11).
O sofrimento faz parte da condição humana, em virtude do pecado, do envelhecimento do corpo, da desobediência ao Senhor, ou da punição de Deus.
Os crentes dispõem de “diferentes dons segundo a graça que [por Deus] nos foi dada” (Rm 12.6). Alguns crentes possuem uma abundância de dons, enquanto outros possuem apenas um ou dois. Esses dons, ou graças, não são dons, talentos ou habilidades naturais; pelo contrário, são dons proporcionados por Deus, os quais, através do crente, efetuam a edificação do Corpo de Cristo, rendendo, assim, a glória que pertence a Deus.
No uso de seu dom, um crente deve se dirigir às outras pessoas com uma atitude de graça. O apóstolo Paulo declarou: “A vossa conversa seja sempre com graça” (Cl 4.6; conforme a Tradução Brasileira). No que dizia respeito ao serviço para o Senhor, Paulo estava equipado, não com sua própria força e poder, mas com a graça de Deus que lhe fora outorgada. Ele disse: “...trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co. 15.10).

Graça Sofredora

O sofrimento faz parte da condição humana, em virtude do pecado, do envelhecimento do corpo, da desobediência ao Senhor, ou da punição de Deus. Paulo tinha um “espinho na carne” (i.e., uma debilidade física) que ele, por três vezes, suplicara a Deus para que fosse removido. Cada uma de suas súplicas recebeu esta mesma resposta: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9). Em outras palavras, a graça de Deus era suficiente para fortalecer Paulo em sua dificuldade física, de modo que ele a pudesse suportar. O mesmo acontece com os crentes nos dias atuais. Deus proporciona a graça suficiente para nos fortalecer em meio a qualquer provação, tentação ou período de sofrimento.
Paulo resumiu isso com muita propriedade, quando escreveu: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). Isso diz tudo. Junto com a compositora daquele hino, cantamos: “Maravilhosa, infinita, incomparável...” é a surpreendente graça de Deus.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"SUA MISERICÓRDIA DURA PARA SEMPRE'


Sua Misericórdia Dura Para Sempre

Há muitos anos atrás, um famoso artista de Hollywood entregou sua vida ao Senhor. Mas o dinheiro, a fama e a corrupção começaram a agir em sua vida, e aos poucos ele foi se distanciando de Deus. Conta-se que sua esposa finalmente o confrontou e disse: “É melhor você se acertar com Deus porque o seu pecado irá arrastá-lo ao abismo; e quando isso acontecer, vai levar toda a sua família com você”.
O pecado age dessa forma. É como um câncer que pode destruir os homens mais poderosos e de mais elevada posição, os melhores e os mais inteligentes. Mais freqüentemente do que imaginamos, suas conseqüências afetam famílias inteiras, como uma legítima metástase. Foi o que aconteceu com Davi e Bate-Seba. Sua história é trágica, mas, apesar de tudo, tem um final triunfante, por causa de um Deus misericordioso e amoroso que graciosamente concede a vitória para pecadores que se arrependem sinceramente.
“Decorrido um ano, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra... Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11.1). Talvez ele não tenha conseguido dormir naquela noite, porque a Bíblia diz: “...levantou-se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real” (11.2).
De lá, ele viu uma linda mulher tomando banho: “Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem... a mulher concebeu e mandou dizer a Davi: Estou grávida” 11.4-5).
A Bíblia apresenta Bate-Seba como uma mulher quieta, submissa, cujo nome tem sido associado, ao longo dos séculos, com os mais terríveis pecados de Davi, com adultério e assassinato premeditado. O sórdido episódio abriu um triste e trágico capítulo na vida de um rei que havia sido bondoso, e destruiu a paz da família real.
Alguns comentaristas pintaram Bate-Seba de maneira pouco lisonjeira em sua moral, culpando-a, na essência, pela infidelidade de Davi e de seu desejo de buscar um relacionamento sexual com a mulher de outro homem, contrariando tudo o que ele sabia ser o certo. O fato é que Bate-Seba estava em sua casa, e não estava fazendo nada de incomum ou provocativo. De acordo com Charles Ryrie, em seu comentário na Bíblia Anotada: “As casas no Oriente Médio possuíam um pátio cercado que era considerado parte da casa. Bate-Seba, banhando-se à luz de lamparina, não foi indecorosa, pois estava em sua casa. O interior do pátio, todavia, podia ser visto do telhado da casa de Davi, situada em terreno mais elevado no monte Sião”.[1]
A Bíblia nem mesmo diz se Bate-Seba sabia porque Davi estava chamando-a naquela noite. No entanto, como serva leal, ela não tinha alternativa a não ser obedecer. As Escrituras pintam Bate-Seba como uma mulher quieta e submissa que não possuía a sabedoria ou a astúcia, nem a ousadia ou a segurança da esposa de Davi, Abigail, que é chamada de“sensata e formosa” (1 Sm 25.3). Há mais de vinte anos atrás, quando ainda era casada com o egoísta Nabal, Abigail havia impedido Davi de assassinar toda a sua casa pela raiva que ele sentia por Nabal (1 Sm 25.23-35).
Se Bate-Seba fosse como Abigail, poderia ter convencido Davi a não concretizar o desejo que estava em sua mente. Mas ela não era assim, e fez o que lhe mandaram fazer. Quando, mais tarde, descobriu que estava grávida de Davi, mandou avisá-lo.
Em uma tentativa completamente errada de tentar esconder o seu pecado e enganar Urias, o marido de Bate-Seba, levando-o a acreditar que o bebê era dele, Davi mandou chamá-lo do campo de batalha esperando que ele fosse para casa ficar com sua esposa. Mas Urias era um homem íntegro e disse: “A arca, Israel e Judá ficam em tendas; Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao ar livre; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber e me deitar com minha mulher? Tão certo como tu vives e como vive a tua alma, não farei tal coisa” (2 Sm 11.11).
Davi tentou novamente, embebedando Urias. Mesmo assim, Urias passou a noite no palácio do rei, junto dos seus servos. Então, em um ato nada característico de sua personalidade, e com crueldade e sangue-frio, Davi escreveu uma carta a Joabe, comandante de seu exército, e pediu que Urias a levasse até ele. Nessa carta estava escrito: “Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido e morra” (2 Sm 11.15). E Urias foi morto. Davi casou-se com Bate-Seba, que deu à luz ao seu filho. “Porém isto que Davi fizera foi mau aos olhos do Senhor” (2 Sm 11.27).
Deus, então, aplicou a vara da disciplina. Primeiro, a criança morreria; segundo, a espada jamais se apartaria da casa de Davi (2 Sm 12.10-14). Com o coração e o espírito quebrantados, Davi se arrependeu profundamente, orou e jejuou por sete dias na esperança de que Deus poupasse a criança. Mas Ele não a poupou. A criança morreu; a metástase havia começado a se alastrar.
Dentro de nove meses Bate-Seba perdeu o marido e um filho. Sua vida mudou para sempre. Pelo que sabemos, aquela criança era seu primeiro filho. A Bíblia não faz menção de nenhum filho que ela tenha tido com Urias. As Escrituras também não atribuem a ela nenhum tipo de culpa. Deus culpou Davi, e foi Davi quem Ele puniu. Mas Bate-Seba, sem dúvida, sofreu tanto quanto ele.
“Recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?” (Sl 56.8).
Antes desses fatos, Davi havia escrito:“Recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?” (Sl 56.8). A Escritura não fala de palavra nenhuma que Bate-Seba tenha dito em relação à tragédia que sofreu, mas, com certeza, suas lágrimas fluíram livremente para o odre de Deus.
Deus estende Sua misericórdia a todos aqueles que se arrependem sinceramente. Na Sua insondável sabedoria, Ele distingue o fraco do forte, o humilde do orgulhoso, e prova os corações de todos os homens. Em algum lugar ao longo do caminho, o Deus Supremo provou o coração de Bate-Seba e decidiu abençoá-la. E de fato a abençoou.
Deus tomou para si o menino que foi concebido por Bate-Seba em adultério. Ainda assim, na Sua misericórdia que dura para sempre, Ele deu-lhe outro filho. As Escrituras dizem que“Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o Senhor o amou” (2 Sm 12.24).
Aqui, pela primeira vez, Deus declarou Bate-Seba mulher legítima do rei Davi, santificou seu casamento e o abençoou. Na Sua infinita misericórdia e amor, o Senhor não somente deu a Bate-Seba outro filho, Ele deu ao seu filho a supremacia sobre os irmãos mais velhos, declarando Salomão como herdeiro do trono de seu pai. Mais tarde, Davi iria dizer: “E de todos os meus filhos, porque muitos filhos me deu o Senhor, escolheu ele a Salomão para se assentar no trono do reino do Senhor, sobre Israel” (1 Cr 28.5).
Bate-Seba não somente tornou-se a rainha-mãe, ela tornou-se ancestral direta de Jesus, o Messias, através de Salomão, e também através de seu filho Natã (1 Cr 3.5; Lc 3.31). Ela é uma das únicas quatro mulheres listadas na genealogia de Cristo (Mt 1.6).
Bate-Seba permaneceu junto a Davi pelo resto de sua vida (mais uns vinte anos) e deu a ele quatro filhos (1 Cr 3.5). Era uma esposa dentre muitas e testemunhou um tumulto familiar que hoje seria considerado uma das piores formas de disfunção nas relações domésticas. Embora Deus amasse a Davi e o tenha perdoado e abençoado, manteve a promessa dEle de que a espada nunca deixaria sua casa porque ele tinha assassinado Urias, marido de Bate-Seba, e tomado sua esposa.
Curiosamente, não existe condenação para Bate-Seba em qualquer parte da Escritura. O pecado é sempre descrito como sendo de Davi somente, principalmente porque Bate-Seba, uma mulher relativamente indefesa na época do Velho Testamento, foi aprisionada na teia de uma outra pessoa, e submetida a um relacionamento acreditando não ter outra escolha. Davi, contudo, teceu a teia quebrando deliberada e indiferentemente três dos Dez Mandamentos: “Não matarás. Não cometerás adultério... Não cobiçarás a mulher do próximo” (Êx 20.13-14,17).
A Lei Mosaica não previa nenhum sacrifício para corrigir essa situação. Davi merecia a morte. Mesmo assim, Deus estendeu Sua misericórdia enquanto providenciava igualmente sua disciplina; e seus efeitos se espalharam pela família de Davi, incluindo sua esposa.
Primeiro, o filho mais velho de Davi, Amnon, estuprou sua própria meia-irmã, Tamar. Esta ficou tão arrasada que passou o resto de sua vida solteira na casa de seu irmão Absalão (2 Sm 13.20). Davi, contudo, não fez nada para punir Amnon, que merecia ser morto (Lv 18.9,29). Conseqüentemente Absalão, que amava tanto sua irmã que deu o nome dela à sua filha em sua homenagem (2 Sm 14.27), fez justiça com suas próprias mãos (2 Sm 13.29). Então ele fugiu para a casa de Talmai, rei de Gesur, avô dele e de Tamar (2 Sm 13.37; 1 Cr 3.2).
Absalão voltou para casa três anos depois. Mas Davi, que não fora rígido o suficiente com Amnon, foi bastante duro com Absalão e se recusou a restaurar seu relacionamento com ele. Como conseqüência, Absalão fomentou uma rebelião que obrigou Davi a fugir para salvar sua vida.
Muito provavelmente Bate-Seba e seus filhos fugiram com ele, pois a Bíblia diz: “Saiu o rei, e todos os de sua casa o seguiram; deixou porém o rei dez concubinas, para cuidarem da casa” (2 Sm 15.16).
No final, Absalão morreu. Davi, atormentado pela dor e possivelmente por seu miserável fracasso como pai, chorou alto, clamando: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (2 Sm 18.33). Tudo isso por causa do seu pecado com Bate-Seba.
Bate-Seba aparece novamente nas Escrituras logo antes da morte de Davi, quando ele estava com cerca de 70 anos. Ela continua sendo aquela mulher submissa, que faz o que lhe mandam fazer; e Davi ainda continua o pai negligente. Adonias, irmão de Absalão e o mais velho do restante dos filhos de Davi, começou a falar que seria o rei – mesmo sabendo que o reino iria para Salomão, “porque do Senhor ele o recebeu” (1 Rs 2.15). Davi não fez nada para impedi-lo. Então Adonias realizou uma festa, ostensivamente para celebrar sua ascensão ao trono. Quando o profeta Natã percebeu o que estava acontecendo, instruiu Bate-Seba a contá-lo a Davi, que agora já encontrava-se velho e doente.
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
Bate-Seba obedeceu. Naquilo que foi um dos melhores momentos com sua esposa, Davi declarou a Bate-Seba: “Tão certo como vive o Senhor, que remiu a minha alma de toda a angústia, farei no dia de hoje, como te jurei pelo Senhor, Deus de Israel, dizendo: Teu filho Salomão reinará depois de mim e se assentará no meu trono, em meu lugar” (1 Rs 1.29-30).
Enquanto Adonias estava com seus convidados, Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, coroaram Salomão. Aproximadamente 21 anos depois que Deus tomou o filho de Bate-Seba, que fora concebido em pecado, Ele coroou seu outro filho como rei de Israel.
Bate-Seba aparece ainda mais uma vez. Davi havia morrido, e Adonias aparentemente continuava alimentando esperanças de poder usurpar o trono. Adonias pediu a Bate-Seba que convencesse seu filho Salomão a lhe dar Abisague, uma bonita jovem que havia servido a Davi. Bate-Seba era evidentemente ingênua no que diz respeito aos caminhos do mundo e não entendeu que o pedido de Adonias era uma tentativa de desacreditar seu filho. Na cultura daquele tempo, Abisague era propriedade do rei. Se ele não a quisesse, ninguém mais poderia tê-la. Irado, Salomão negou o pedido e solidificou seu reinado mandando matar Adonias (1 Rs 2.24-25).
Mas a entrada de Bate-Seba na presença de Salomão revela um belo relance do relacionamento entre mãe e filho. A Escritura diz: “O rei se levantou a encontrar-se com ela e se inclinou diante dela; então, se assentou no seu trono e mandou pôr uma cadeira para sua mãe, e ela se assentou à sua mão direita” (1 Rs 2.19). Embora Bate-Seba fosse agora apenas uma viúva entre tantas no palácio, ela era a única viúva que era mãe do rei.
Foi escrito no livro de Gálatas: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Infelizmente, aquele que semeia não é o único que colhe. No instante em que Davi semeou sementes de pecado, as vidas de Bate-Seba e de seus filhos foram mudadas para sempre. Deus, mesmo sendo santo, reto e justo, também é misericordioso. Sua misericórdia dura para sempre e Ele a dispensa graciosamente para qualquer um que verdadeiramente se arrepende. 

domingo, 23 de setembro de 2012

"DÉBORA,UMA MÃE EM ISRAEL"


Débora, Uma Mãe em Israel
Algumas pessoas são líderes improváveis. Superficialmente, elas parecem não ter as características que geralmente associamos com grandeza e poder. Davi, por exemplo, era um jovem pastor de ovelhas, um sonhador que escrevia cânticos e tocava harpa – qualidades geralmente não procuradas quando você escolhe alguém para derrotar inimigos. No entanto, Deus o chamou não apenas para ser um homem de guerra mas também rei de todo o Israel. Por quê? Porque Davi tinha algo mais importante do que habilidade militar ou sangue real. Ele tinha fé em Deus.
Na época dos juízes, uma mulher chamada Débora tornou-se líder de Israel. Pelos nossos padrões, ela também era uma candidata improvável para essa tarefa tão relevante. A Bíblia fala pouco sobre suas credenciais, a não ser que era esposa e mãe (Jz 4.4; Jz 5.7), o que não a qualificava para dirigir um país. Porém, Débora tinha a mesma vantagem que Davi: ela tinha fé em Deus.
Numa época em que Israel andava aos tropeços e cada homem fazia aquilo que parecia certo aos seus próprios olhos (veja Jz 17.6; Jz 21.25), Deus escolheu uma mulher de grande fé que estava disposta a segui-lO em obediência.
As Escrituras dizem que Débora era uma profetisa, significando que Deus lhe falava e ela transmitia Sua Palavra ao povo. Ela era uma juíza, portanto, julgava as pessoas que vinham até ela para resolver suas contendas. Naturalmente, ela também era esposa e mãe.
Seu feito mais conhecido ocorreu quando os israelitas clamaram a Deus por libertação depois de vinte anos de opressão sob o jugo de Jabim, rei de Canaã. O poderoso Jabim tinha 900 carros de ferro e governava a partir de Hazor, no Norte de Israel. Débora, que vivia no Sul, fora de Jerusalém, nas regiões montanhosas de Efraim, convocou Baraque, da tribo de Naftali, da região de Hazor. Quando Baraque chegou, Débora corajosamente transmitiu-lhe o plano de Deus: “Porventura, o Senhor, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros e as suas tropas; e o darei nas tuas mãos” (Jz 4.6-7).
Hoje, vivendo em um mundo dirigido pelo sucesso e pelas realizações materiais, é fácil esquecer que Deus não deseja tanto as nossas habilidades, mas sim a nossavontade, o nosso querer que vem da fé.
Baraque estava disposto a obedecer, mas insistiu que Débora fosse com ele. Ela concordou, porém disse a Baraque que assim ele cederia a uma mulher a honra de capturar Sísera.
Naquele dia Deus sustentou Israel, como Débora sabia que Ele faria. O Senhor enviou uma chuva torrencial que inundou o ribeiro Quisom e fez com que a armada aparentemente invencível de Sísera atolasse na lama. Este fugiu e foi engodado por Jael, outra mulher, que cravou uma estaca de tenda em sua cabeça e o matou. Dessa maneira, Deus libertou Israel.
Mais tarde, Débora escreveu um belo cântico (Jz 5) que exalta a Deus e revela muito sobre sua própria pessoa. Ela era uma mulher de profunda fé e grande discernimento espiritual. Havia avaliado a sombria situação de seu país com perspicácia (Jz 5.6-7), compreendeu o motivo da decadência (idolatria, v.8) e assumiu a responsabilidade pela nação (vv. 7,12). Ela tinha tanta autoridade que, quando convocou Baraque, ele veio imediatamente sem questionar sua autoridade ou suas instruções. Débora é a única mulher na Bíblia que não apenas governou Israel como também deu ordens militares a um homem, e isso com a bênção de Deus.
Quando ela mandava reunir as tropas, esperava que elas se apresentassem. Aos que ignoravam o chamado, ela amaldiçoava: “Amaldiçoai a Meroz, ...amaldiçoai duramente os seus moradores, porque não vieram em socorro do Senhor” (Jz 5.23). Débora provavelmente não conseguia entender por que esses combatentes de Israel tinham tão pouca fé em Deus.
Por um lado, Débora aparentava ser uma mulher “dura” no confronto, mas também parecia extremamente maternal. Somente uma mãe que se importa com seus filhos pensaria em descrever a mãe de Sísera aguardando ansiosamente que seu filho voltasse para casa, preocupada com sua demora em voltar da batalha (v.28).
É interessante observar que não há evidência bíblica de que Débora tenha usurpado a autoridade masculina. É triste dizer que, provavelmente, existia pouca autoridade masculina fiel a Deus naqueles dias. Israel estava em condição espiritual tão lamentável que Deus envergonhou a nação daqueles dias depositando o mais alto cargo de liderança nas mãos de uma mulher.
Hoje, vivendo em um mundo dirigido pelo sucesso e pelas realizações materiais, é fácil esquecer que Deus não deseja tanto as nossas habilidades, mas sim a nossa vontade, o nosso querer que vem da fé.
Podemos lembrar que a história das missões modernas está igualmente repleta de mulheres de grande fé a quem Deus colocou em posições de enorme responsabilidade. Nas selvas da Colômbia e da Venezuela, por mais de 50 anos, Sophie Müller implantou centenas de igrejas, até que o Senhor finalmente a levou em outubro de 1995. A sua autobiografia, publicada pela Missão Novas Tribos, é intitulada His Voice Shakes the Wilderness (A Voz de Deus Faz a Selva Estremecer).
Depois que Jim Elliot, Nate Saint e três outros missionários foram mortos no Equador pelas flechas dos índios Huaorani (Aucas) em 1956, duas mulheres os substituíram: Elisabeth Elliot, viúva de Jim, e Raquel Saint, irmã de Nate. A senhorita Saint ficou no Equador até sua morte em 1994, conduzindo os índios a Cristo, ensinando-os e ministrando-lhes a Palavra de Deus.
Baraque, sem dúvida, foi um ótimo militar, e seu nome está registrado em Hebreus 11 como homem de fé. Porém, ele mesmo teria capturado Sísera se tivesse confiado um pouco mais em Deus. Débora, por outro lado, era uma simples esposa e mãe, mas sua fé a tornou um vaso muito mais útil para o Senhor do que alguém poderia imaginar.
A Bíblia ensina que nosso tempo na terra é curto: “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). Muitas pessoas podem abalar montanhas com suas credenciais e construir reinos com suas aptidões. Mas, no final, o que contará para a eternidade não será aquilo que realizamos com nossas habilidades, mas o que Deus fez através de nós por meio de nossa fé.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"PACIENCIA,ASPECTOS POSITIVOS"


Paciência, aspectos positivos

 
Em um mundo em que a grande maioria se prostra diante do altar da gratificação instantânea, a paciência parece ser uma virtude à beira de extinção. Temos restaurantes "fast-food", porque não queremos esperar que nossa comida seja cozida. Nas nossas casas, fornos de microondas nos apresentam refeições prontas em minutos, até mesmo segundos. Quando não podemos encontrar nossos contatos de negócios em seus escritórios, digitamos o número de seus telefones celulares, porque não queremos esperar até que respondam nossos recados. Ficarmos retidos no tráfego lento e pesado deixa nossos nervos em frangalhos e despertam nosso temperamento, porque temos pressa, estamos impacientes para chegar – seja qual for nosso destino. Nos dias atuais, raramente alguém permanece na mesma empresa por mais de dois ou três anos.
Diferentemente das pessoas nas décadas passadas, que trabalhavam longa e fielmente em busca de uma eventual promoção, a maioria salta de um emprego para outro, para poder avançar na carreira, de acordo com suas próprias condições e no seu próprio ritmo. Sim, paciência se tornou uma arte do passado, mas que talvez valha a pena resgatar. Assim como Roma não foi construída num só dia, vidas e carreiras realizadoras e de sucesso não podem ser forjadas por meio de ações acidentais, apressadas ou mesmo impulsivas. Por difícil que possa ser numa era em que o limite da atenção raramente ultrapassa uns poucos minutos (freqüentemente desaparecendo em poucos segundos), há algo para ser dito sobre a admoestação da Bíblia que diz: “Descanse no Senhor e aguarde por Ele com paciência” (Salmos 37.7). Você pode querer debater: “Ser paciente? Descansar? Você está brincando! Eu tenho que ir a diversos lugares, tenho coisas a fazer. Tanto por fazer – e tão pouco tempo. Estou impaciente demais para praticar a paciência!” Se é isso que você está pensando, é compreensível. Mas, por favor, por apenas uns momentos, considere alguns dos princípios que o livro de Provérbios tem a oferecer sobre este tema.
Paciência nos ajuda a atingirmos nossos objetivos.
Às vezes, a atitude do tipo “Eu preciso ter isso – e preciso tê-lo imediatamente”, produz o efeito contrário, arruinando oportunidades de se atingir a meta desejada. Mas sendo paciente, adotando uma visão de longo prazo, podemos reunir poderes de persuasão para ver importantes decisões mudarem, e até mesmo construírem os suportes para os resultados desejados. “Com muita paciência pode-se convencer a autoridade, e a língua branda quebra até ossos” (Provérbios 25.15).
Paciência subjuga a ira improdutiva.
Quando as coisas não vão do modo como gostaríamos é fácil nos irarmos e reagirmos motivados pela frustração. Contudo, permanecendo calmos e sob controle, podemos evitar causar danos desnecessários em relacionamentos, ou em nossas causas preferidas. Se formos pacientes, poderemos ver as circunstâncias mudarem drasticamente e obtermos resultados muito melhores do que aqueles que esperávamos. “Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade” (Provérbios 16.32).
Paciência extingue o fogo da disputa.
Quando alguém chega até nós com raiva, isto geralmente dispara dentro de nós o gatilho instintivo de “lutar ou fugir”. Tentar vencer a raiva com mais raiva é o mesmo que tentar apagar fogo com fogo. É muito melhor – e geralmente mais eficaz – responder a uma confrontação irada com paciência, cuidadosamente ouvindo o problema que está sendo expresso e buscando uma resolução de maneira calma e racional. Do contrário, um pequeno aborrecimento pode rapidamente se transformar numa guerra total. “O homem irritável provoca a dissensão, mas quem é paciente acalma a discussão” (Provérbios 15.18) Mas cuidado! Não ore pedindo paciência, porque o melhor e mais eficiente meio de se adquirir paciência é descobrir-se sendo forçado a lidar com situações em que não se tem outra alternativa, se não ser paciente.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

"A VERDADE SOBRE A MENTIRA"


O mistério da mentira
As "palavras certas" no convívio com os outros são cada vez mais pura mentira. Pois apresentar a verdade em doses reduzidas facilita a vida. Os americanos chamam essa "forma elaborada" de comunicação de "mentiras brancas". Aqueles que sempre dizem a verdade são considerados irremediavelmente ingênuos. Além disso, eles facilmente ganham inimigos. Calcula-se que uma mentira vem aos nossos lábios cerca de 200 vezes por dia, em média uma a cada 5 minutos. Começando por falsos elogios ("Você está com excelente aparência!") até mentiras descaradas ("Hoje eu não posso ir ao escritório, estou gripado").
Há alguns anos ocupam-se com o mistério da mentira não apenas filósofos, mas também cientistas políticos e psicólogos. O resultado das pesquisas sobre a mentira:
– Mentira e engano estão nos nossos genes, foram e são o motor da evolução. Os biólogos presumem que o desenvolvimento do cérebro humano só foi possível por ter que lidar com enganos.
– Nós adulamos, engodamos e sorrimos diariamente com olhar inocente para manter uma boa atmosfera ou para nos apresentar numa luz mais favorável. Principalmente os cônjuges e familiares são enganados de maneira intensa. Eles são vítimas de dois terços de todas as mentiras graves – segundo as análises de diários da psicóloga americana Bella DePaulo da Universidade da Virgínia em Charlottesville.
– Talento para enganar é sinal de inteligência – um fator de sucesso, tão útil como perspicácia, intuição ou criatividade. "O sucesso profissional de um executivo depende em 80% da sua inteligência social", afirma Howard Gardner, psicólogo da Harvard School of Education. Também Peter Stiegnitz, um pesquisador da mentira em Viena (Áustria), pensa que os "carreiristas preferem trabalhar com jeito e charme ao invés de fazê-lo com aplicação e perseverança".
O objetivo da educação diplomática: as crianças já aprendem desde cedo que é melhor não dizer à sua antipática tia que acham o beijo lambuzado dela nojento. A alegria dissimulada da mãe ao receber o presente de Natal inútil, os doces escondidos furtivamente e a lei do silêncio sobre inconvenientes familiares são modelos e treinamento para as mentiras diárias no futuro.
Entretanto, as crianças só compreendem a necessidade de mentir entre o segundo e quarto ano de vida, e isso ocorre tanto mais cedo quanto mais inteligentes elas forem. Até então elas não sabem distinguir entre fantasia e realidade. Quando descobrem, então, quão refinadamente é possível lograr os outros, elas o fazem primeiramente em proveito próprio – a fim de evitar castigos ou para receber alguma recompensa. Mais ou menos a partir dos oito anos de idade elas aprendem a diferenciar a simpatia verdadeira da falsa.
No máximo durante a adolescência os jovens aprendem a distinguir com certa precisão se alguém está sendo sincero ou não... (Focus)
É vergonhoso como hoje em dia se lida levianamente com o conceito "mentira" ou com a própria mentira. Há pesquisas e estudos sobre a mentira, tenta-se explicá-la, procura-se a sua origem, mas em geral ela é considerada inofensiva, sim, até mesmo uma necessidade da vida e, em última análise, como algo bom.
Entretanto, como em todas as questões relativas à vida, também sobre a mentira somente a Bíblia – e não quaisquer "pesquisadores da mentira" – pode nos dar a melhor orientação. Ela nos mostra que a mentira não é um mistério, conforme diz o artigo citado, mas um pecado há muito revelado. A mentira consiste em rejeitar a verdade de Deus. Sobre os mentirosos está escrito: "Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira..." (Rm 1.25). Por isso a mentira se estende por toda a história da humanidade. Ela é a culpada pela queda do homem e causa de todos os sofrimentos e de muitas lágrimas.
A mentira não tem sua origem na evolução, mas em Satanás – ele é chamado "pai da mentira". O Senhor Jesus Cristo mostrou isso de maneira inequívoca quando disse: "Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes" (Jo 8.44-45). Assim, o pecado só entrou no mundo por meio da mentira, pois Satanás enganou os primeiros seres humanos através da mentira: "É certo que não morrereis... mas sereis como Deus" (Gn 3.4-5). A realidade da mentira e do pecado em si falam contra a evolução e a favor do relato da Bíblia, de que somos uma criação caída.
Com toda a certeza a mentira não é indicação de inteligência, mas um sinal característico de uma vida sem Deus, que não ama a verdade e é a identificação de uma natureza pecaminosa. Em 1 João 2.21 está escrito: "...mentira alguma jamais procede da verdade." Por isso, a crescente tendência para a mentira em nossos dias também é um sinal evidente dos tempos finais: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência" (1 Tm 4.1-2).
Como a mentira é o oposto exato da verdade de Deus e assim rejeita o próprio Deus da maneira mais grosseira, ela também será julgada com dureza pelo Deus santo. No último livro da Bíblia está escrito duas vezes com inequívoco rigor:
– "Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro" (Ap 21.27).
– "Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira" (Ap 22.15).
Parece que o pouco de verdade que há no artigo citado é que uma inverdade passa pelos nossos lábios aproximadamente 200 vezes por dia. Em face desta realidade da mentira, como deveríamos tremer diante da verdade que o próprio Senhor Jesus descreve assim: "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo" (Mt 12.36).
Somente estas poucas afirmações da Bíblia nos colocam diante da verdade de que nenhuma pessoa pode ser salva por meio dos próprios esforços. Bastaria pensar isso, para mentir a si mesmo. Mas, Jesus Cristo veio para isto: Ele, a Verdade de Deus em pessoa, a fim de tomar sobre si a nossa culpa, para que nós, exclusivamente pela graça, pudéssemos ser libertos da mentira. Por isso o Senhor Jesus diz em outra passagem: "Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.31-32). Verdade é reconhecer a mentira como aquilo que ela é: um pecado que nos separa de Deus. Mas verdade também é saber que podemos confessar a Jesus a mentira e todos os nossos outros pecados e pedir perdão. Verdade também é que, então, podemos aceitar o perdão pela fé e com gratidão. Aquele que fizer isso com sinceridade e de todo o coração, receberá o perdão (1 Jo 1.7 e 9), pois Deus não pode mentir. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

"ENFRENTANDO AS FORNALHAS DA VIDA"


Enfrentando as Fornalhas da Vida

Alguma vez em sua vida você provavelmente já se perguntou: “Por que Deus permite que soframos? Por que enfrentamos adversidades e dores?”.
Existem várias respostas. Às vezes a tribulação é a disciplina imposta por Deus. Quando não estamos caminhando com Ele como deveríamos, Ele entra em cena como um pai amoroso para nos proporcionar circunstâncias que foram projetadas para nos levar de volta a Ele. Outras vezes sofremos simplesmente porque vivemos em um mundo cheio de pecado, sofrimento e amargura.
Também pode ser que Deus nos permite sofrer para beneficiar outros que estão ao nosso redor. Em Daniel 3, encontramos três jovens judeus que haviam sido levados cativos para a distante Babilônia, onde suportaram uma tribulação que permitiu a Deus revelar-Se ao reino gentio mais poderoso da terra.

A Acusação

Para compreendermos a história deles, devemos nos lembrar que, no segundo ano do cativeiro de Daniel (603 a.C.), o rei Nabucodonosor teve um sonho. Ele não apenas queria alguém que pudesse interpretar seu sonho, como também exigia que tal indivíduo adivinhasse do que constava aquele sonho. Ninguém havia conseguido o feito até que Daniel e seus três amigos buscaram o Senhor em oração. Então, Daniel disse a Nabucodonosor o que ele havia visto: uma estátua de um homem com uma cabeça de ouro. A estátua significava, em poucas palavras, uma figura do futuro do mundo. Nabucodonosor representava a cabeça de ouro – o Império Babilônio.
A seguir, Daniel revelou e explicou o sonho. Nabucodonosor entendeu parte da abrangência do que aquilo indicava, porque ele declarou: “Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis” (Dn 2.47). Mesmo assim, ele aparentemente se esqueceu daquele fato, porque vários anos mais tarde sua resposta ao sonho foi erigir uma estátua de aproximadamente 30 metros revestida de ouro e determinar que todos os homens no reino se prostrassem diante dela e a adorassem. Três homens não fizeram isso: os amigos de Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Seus nomes babilônios eram Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Então, os caldeus trouxeram esses homens sob acusações diante do rei. (Daniel não estava entre eles e as Escrituras não dizem nada sobre onde ele estava).
Nabucodonosor perguntou-lhes: “É verdade... que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?” (Dn 3.14).
O versículo seguinte é o ponto crucial do capítulo: “Se não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (v.15). Nesse ponto, Nabucodonosor considerou-se Deus a si mesmo.
Os três responderam:
Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (vv.16-18).
Quando Deus lhe traz problemas e dificuldades, nem sempre é porque você fez alguma coisa errada ou por causa das circunstâncias normais envolvidas em se viver num mundo perdido que está amaldiçoado pelo pecado. Às vezes Deus quer dizer alguma coisa àqueles que estão ao seu redor, e Ele quer usar você para transmitir a mensagem dEle.
Foi isso que Ele fez com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Essa não foi uma experiência agradável para eles. As Escrituras dizem que a fornalha estava quente; e, por causa de sua raiva e de seu orgulho, o rei “ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava” (v.19). De fato, ela estava tão quente que o fogo instantaneamente destruiu todos os soldados que atiraram os três para dentro da fornalha.

O Desafio

Quando Deus lhe traz problemas e dificuldades, nem sempre é porque você fez alguma coisa errada ou por causa das circunstâncias normais envolvidas em se viver num mundo perdido que está amaldiçoado pelo pecado.
Então, Deus entrou como que em uma disputa com Nabucodonosor. Ele quis deixar bem claro qual era a extensão de Seu poder, soberania, bondade e graça.
É bem possível que algumas coisas que você está enfrentando agora tenham menos a ver com você (embora você vá crescer a partir delas) que com as pessoas ao seu redor. Talvez Deus tenha escolhido você como um veículo para alcançar outros.
Esses homens tinham grande consideração e respeito por Deus, e isso permitia que Deus os usasse. O mundo pode pensar que é grande coisa, mas os crentes consideram a Deus. Isto é, eles honram a Palavra de Deus e os Seus caminhos e O respeitam e O servem. Foi isso que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fizeram. Nesse ponto, eles foram amarrados e jogados para dentro da fornalha.
Servir a Deus não é algo que vem com a garantia de que sobreviveremos a todas as adversidades e sairemos ilesos. Nem significa que sempre sobreviveremos. Significa que estamos à disposição dEle, e que Ele pode fazer conosco aquilo que desejar. No caso de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Deus lhes deu libertação.
Atônito, Nabucodonosor perguntou: “Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei. Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses” (vv. 24-25).

A Escolha

Mas, sabe de uma coisa? Aqueles três homens não tinham nenhuma garantia quando entraram; nem nós temos. Nunca sabemos se o plano de Deus é trazer glória a Seu nome através de nosso martírio ou através de nossa libertação.
Era aí que estava João Batista em Mateus 11. Cerca de dois anos haviam se passado a partir do início do ministério de Jesus, e João foi colocado atrás das grades, provavelmente coçando a cabeça e pensando: “Espere aí! Pensei que eu fosse o precursor do Messias”. Então, ele enviou mensageiros a Jesus, perguntando: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Lc 7.19). As coisas não se encaixavam. Ele pensava que Jesus iria libertar Israel de Roma e estabelecer o Reino Davídico. Entretanto, ali estava ele, o precursor (Lc 1.17; Lc 7.27), na prisão. Logo após esses acontecimentos, ele foi decapitado.
Somos servos do Deus vivo. Isso significa que somos instrumentos para sermos usados por Ele. Estamos à disposição dEle. E devemos pensar sobre nós mesmos, não como porcelana de valor inestimável, mas como copos de papel que Deus pode usar para aquilo que Ele quer realizar.
Somos servos do Deus vivo. Isso significa que somos instrumentos para sermos usados por Ele. Estamos à disposição dEle. E devemos pensar sobre nós mesmos, não como porcelana de valor inestimável, mas como copos de papel que Deus pode usar para aquilo que Ele quer realizar. Você não pode dar mais a Deus do que Ele a você. Deus nunca toma nada que Ele não substitua muitas vezes mais.
Em outras ocasiões, porém, Ele liberta de maneira miraculosa. “Então, se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” (Dn 3.26).
E eles saíram do meio do fogo sem sequer terem sido chamuscados. O fogo não teve efeito algum sobre eles. Os cabelos deles não estavam queimados, suas roupas não estavam danificadas, e o cheiro do fogo não se apegou a eles. Deus havia escolhido protegê-los por intermédio de um anjo do Senhor.
O mundo foi forçado a levar Deus em consideração por causa dos três jovens judeus que resolveram adorar apenas a Ele:
Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus. Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa livrar como este” (vv.28-29).
Às vezes, Deus deseja demonstrar Sua grandeza e poder e está buscando pessoas que estejam dispostas a caminhar com Ele pelo meio da fornalha ardente. Talvez você esteja nessa fornalha agora. Ou talvez você venha a estar daqui a seis meses. Embora aquele possa ser um lugar amedrontador, você precisa se lembrar de que Deus é tão capaz de libertar você da fornalha quanto em meio a ela. A decisão é dEle. O que Ele requer de nós é fé.
Essa experiência foi um dos três principais “eventos de Deus” na vida de Nabucodonosor que fizeram do primeiro rei dos tempos dos gentios um adorador de Javé.
Se você e eu estivermos dispostos a colocar Deus em primeiro lugar, então aqueles que estão ao nosso redor também poderão vê-lO. Eles verão como você confia n’Ele à medida que for passando por dificuldades e eles se maravilharão daquilo que Ele faz em sua vida e por meio de sua vida. 

domingo, 9 de setembro de 2012

"A SÍNDROME DO PAPAGAIO"




...Você já percebeu como as pessoas gostam de repetir o que os outros falam? Não vou lhe dizer que essa prática seja imprópria, mas é bom conferir tudo o que se ouve, para evitar situações constrangedoras... Na famosa igreja de Beréia, os cristãos recebiam de bom grado as pregações. Mas não as recebiam como verdades bíblicas sem antes conferir nas Escrituras (At 17:11).

Essa síndrome do papagaio se verifica nos diversos versículos "novos" que alguns pregadores insistem em repetir. Ouviram alguém, um dia, pronunciar um desses versículos e começaram a citá-los como verdade, sem, antes, ter o cuidado de confirmar a sua autenticidade bíblica.
Há alguns anos, tive o cuidado de reunir, com a ajuda de meus alunos do seminário teológico, várias "pérolas" que muitos repetem pensando ser versículos bíblicos... Você está curioso para conhecê-las? Quer saber se tem empregado alguma?
"A voz do povo é a voz de Deus"Ouvi um pregador citando essa frase antibíblica e extrabíblica, oriunda do latim vox populi, vox Dei, como se fosse bíblica! Quando Jesus andou na terra, a opinião do povo a seu respeito era variada. Uns o consideravam pecador (Jo 9:16) ou endemoninhado (Mt 12:24), e outros criam que ele era um profeta (Mt 16:13,14). Enquanto isso, a voz de Deus ecoava: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:17). Como a voz do povo pode ser a voz de Deus?
"Água mole em pedra dura tanto bate até que fura"
Esse provérbio popular alude à persistência. Trata-se de um bom pensamento, mas extrabíblico! Conquanto não apareça nas páginas sagradas, realça o princípio da perseverança na oração (Mt 7:7,8; Lc 18:1-8). Isso, porém, não nos autoriza a citar a frase como se fosse um versículo inspirado da Palavra de Deus.
"Até 1000 irá; de 2000 não passará"Essa frase já virou história... Muitos "profetas da última hora" a usaram para alertar acerca da iminente volta de Cristo, antes ou durante o ano 2000. Mas o que a Bíblia realmente diz acerca da vinda de Jesus? As palavras de Cristo quanto ao Arrebatamento da Igreja são mais do que claras: "... daquele dia e hora ninguém sabe..." (Mt 24:36). Leia também Atos 1:7, I Tessalonissenses 5:1 e II Pedro 3:8.
"Da semente da mulher levantarei um que esmagará a cabeça da serpente"É comum ouvir pregadores citando essa frase como sendo a primeira promessa com relação à obra redentora de Jesus. Mas essa promessa não aparece nas Escrituras. Em Gênesis 3:15, Deus disse para Satanás, personificado em uma serpente: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar".
É importante observar que o texto bíblico não usa o verbo "esmagar" e sim "ferir". De acordo com a Palavra de Deus, o inimigo ainda não foi esmagado, isto é, derrotado por completo. Ele já está julgado (Jo 16:11), e, na cruz, Jesus o feriu (Cl 2:14,15). Entretanto, "... o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo de vossos pés" (Rm 16:20).
"Deus cegou os entendimentos dos incrédulos"É sério! Ouvi um pregador dizendo isso... Mas não foi Deus quem cegou o entendimento dos incrédulos! A Bíblia diz: "... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (II Co 4:4). Esse "deus" é o diabo, e não o Deus verdadeiro que ilumina os que estão em trevas (Jo 8:12; I Jo 1:7).
"Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és"Clássica, não? Quantos pregadores não usam esse versículo... Alguém já chegou a dizer acerca dele: "Não está na Bíblia? Então devia estar!" Bem, a Bíblia apresenta versículos parecidos, que podem ser usados em lugar da frase em questão: "O homem violento persuade o seu companheiro, e guia-o por caminho não bom" (Pv 16:29); "Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo" (Pv 4:13,14).
"É dando que se recebe"
Essa conhecida frase é extrabíblica, mas não chega a ser antibíblica. Ela confirma as palavras de Jesus em Lucas 6:38. Não deve, porém, ser usada como um versículo bíblico inspirado. O pregador só deve usar a frase "A Bíblia diz" quando for citar uma passagem sagrada. Caso contrário, deve deixar claro aos ouvintes que se trata apenas de uma boa frase.
"Esforça-te, e eu te ajudarei"A expressão "Esforça-te" aparece 12 vezes na Bíblia, mas nunca acompanhada da frase "Eu te ajudarei". Observe: "Esforça-te, e tem bom ânimo" (Js 1:6,7,9,18; I Cr 22:13; 28:20); "Esforça-te, e esforcemo-nos" (I Cr 19:13); "Esforça-te, e faze a obra" (I Cr 28:10); "Esforça-te, e clama" (Gl 4:27). No plural, ela aparece oito vezes, sem o complemento citado (Nm 13:20; Js 10:25; 23:6; I Sm 4:9; 13:28; II Cr 15:7; Sl 31:24; Ag 2:4). Apesar disso, não há dúvida de que o Senhor ajuda os que se esforçam.
"Eu venci o mundo, e vós vencereis"É claro que através da vitória de Cristo todos os seus seguidores autênticos, nascidos de Deus (1 Jo 5:4), se tornam mais do que vencedores (Rm 8:37). Não obstante, as palavras de Jesus ditas em João 16:33 foram apenas: "Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". O complemento "e vós vencereis" é um acréscimo às palavras do Mestre, prática que ele mesmo proibiu (Ap 22:18).
"Fazei o bem sem olhar a quem"
Essa frase é uma distorção de Gálatas 6:10: "Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé". O cristão deve fazer o bem, pois ele tem a bondade, um dos elementos do fruto do Espírito (Gl 5:22). Mas fazer o bem "de olhos fechados" pode ser perigoso.
Existem muitos vigaristas dizendo-se missionários ou pastores. Eles sempre contam casos tristes para aplicar os seus golpes, e os irmãos bondosos, por não olharem a quem estão ajudando, acabam sendo lesados. Cabe-nos ajudar as pessoas comprovadamente necessitadas: "Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra" (Dt 15:11).
"Jesus é o Médico dos médicos"
Certos pregadores afirmam: "A Bíblia diz que Jesus é o Médico dos médicos". Nas Escrituras, não existe esta menção. Jesus é chamado de Senhor dos senhores e Rei dos reis (Ap 17:14). Em nenhum lugar ele é chamado de Médico dos médicos. A expressão hebraica que demonstra o seu poder de curar os enfermos é "Yahweh-Roph´eka", que significa "O Senhor que te sara", também traduzida como: "O Senhor, teu Médico" (Êx 15:26).
"Mente vazia é oficina do diabo"De fato, a pessoa que não ocupa a sua mente com as "coisas que são de cima" (Cl 3:1,2) acaba ficando vulnerável aos ataques do adversário. Como ser espiritual, ele tem influência sobre a mente dos incrédulos (2 Co 4:4; Ef 6:17). Segue-se que a frase é apenas apropriada para ilustrar o papel do diabo como tentador, não devendo ser usada com um versículo sagrado.
"Não cai uma folha de uma árvore sem a vontade de Deus"A Bíblia mostra claramente que Deus é o Controlador da natureza. Em Isaías 40:12-31, vemos como ele tem o Universo em sua mão e faz o que lhe apraz. Apesar disso, a frase em questão não é um versículo bíblico!
"O amor encobre uma multidão de pecados"Essa frase possui um acréscimo sutil, capaz de torcer a mensagem bíblica. Encobrir significa esconder, ocultar. E, de acordo com a Bíblia, "O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará" (Pv 28:13). É preciso atentar para o que realmente as Escrituras dizem: "... a caridade cobrirá uma multidão de pecados" (I Pe 4:8).
Dentro do contexto bíblico, cobrir significa perdoar. E a diferença entre cobrir e encobrir pecados é vista principalmente no Salmo 32: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto" (v. 1); "Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri" (v. 5).
"O cair é do homem, mas o levantar é de Deus"É comum o uso dessa frase para animar irmãos que fracassam na fé. Quem a usa, tenta demonstrar que a pessoa caída não precisa se preocupar. Deus a levantará em tempo oportuno. Entretanto, se o homem não tomar uma posição, levantando-se, tal como o filho pródigo, Deus não o socorrerá (Lc 15:17-24).
O texto de Tiago 4:8 mostra que o primeiro passo deve ser dado pelo homem. A Bíblia não diz: "Quando Deus se chegar a ti, chega-te para ele". O homem precisa querer, desejar se chegar a Deus. Em toda a Escritura, observa-se que Deus convida o homem a se levantar, pois o cair é do homem, e o levantar também é do homem (Pv 24:16; Ef 5:14)!
"O dinheiro é a raiz de todos os males"Às vezes, por não lerem a Bíblia com atenção, alguns pregadores caem no erro de omitir parte dos versículos bíblicos, gerando confusão. O dinheiro é importante e precisamos dele para a nossa manutenção. O errado é pôr o coração nele (Mt 6:19-21). É por esse motivo que Paulo não condenou o dinheiro, mas sim a ganância e a avareza: "Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Tm 6:10).
"O pouco com Deus é muito"Há pregadores citando essa frase como se fosse bíblica. É verdade que a matemática de Deus é diferente, pois quanto mais se tira tanto mais é acrescentado (Pv 11:24). Todavia, conquanto a frase em questão seja correta, ela não está registrada no Livro Sagrado.
"Os viciados não herdarão o reino de Deus"A palavra "viciado" se aplica à pessoa que possui qualquer tipo de vício (do latim vitiu, tendência habitual para o mal). Mas a Bíblia não condena de forma explícita os viciados, como ocorre neste pseudo-versículo bíblico. Alguém poderá perguntar: "Se a Bíblia não condena especificamente o cigarro ou algum tipo de droga, eu tenho permissão para usá-los?"
Quando o cânon do Novo Testamento foi encerrado, ainda não havia o cigarro nem as drogas conhecidas hoje, não havendo razão para os escritores neotestamentários condená-los de modo específico. Contudo, está claro nas páginas sagradas que os que destroem o corpo, independentemente da maneira como o fazem, não herdarão o reino de Deus (I Co 6:10-20; Gl 5:19-21). Ademais, Zofar alertou: "Porque ele [Deus] conhece os homens vãos, e vê o vício; e não o terá em consideração?", Jó 11:11.
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido"Essa frase, empregada para enfatizar a justiça de Deus, não está registrada na Bíblia Sagrada. É uma deturpação das palavras de Jesus ditas a Pedro, em Mateus 26:52: "Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão".
"Quem dá aos pobres, empresta a Deus"
Usada principalmente pelos católicos romanos, essa frase já está nos lábios de alguns cristãos. Todavia, o versículo bíblico que mais se aproxima de tal afirmação é Provérbios 19:17: "Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe pagará o seu benefício". Alguém dirá: "Mas não é a mesma coisa?" Não! Pois o versículo bíblico possui o selo da inspiração!
"Quem não vem pelo amor, vem pela dor"É verdade que muitas pessoas, depois de passarem por uma dolorosa experiência, entendem a vontade de Deus (Dn 4:30-37; At 9). Entretanto, isso não é uma regra. Existem pessoas que nem mesmo pela dor se arrependem. Por isso, a Palavra de Deus alerta: "O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura" (Pv 29:1).
"Vem a mim como estás"Jesus recebe o pecador arrependido na condição em que está. Todavia, a frase em questão não está registrada nos Evangelhos, apesar de ser usada com freqüência por muitos pregadores. Em seu lugar, pode-se usar um versículo bíblico autêntico, como Mateus 11:28: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei".
Portanto, não seja como o papagaio, que repete, repete, repete... Seja como os bereanos, que examinavam nas Escrituras tudo o que ouviam. Afinal, a própria Bíblia Sagrada diz: "Examinai tudo. Retende o bem" (I Ts 5:21).

"GRANDE TRIBULAÇÃO,TEMPLO E SACRIFÍCIOS"


Grande Tribulação, templo e sacrifícios
Pergunta: "Depois do arrebatamento Israel e as nações viverão novamente como no Antigo Testamento? E os judeus edificarão novamente o templo e voltarão a fazer sacrifícios? Ou como devemos entender, por exemplo, passagens como Ezequiel 45.17ss e Ezequiel 46.24? A última passagem mencionada diz:"São estas as cozinhas, onde os ministros do templo cozerão o sacrifício do povo."
Resposta: Segundo o meu entendimento, podemos responder positivamente à sua primeira pergunta, pois após o arrebatamento o mundo se encontrará na 70ª semana de Daniel, que é uma continuação das 69 semanas (de anos) anteriores, todas elas dentro do contexto do Antigo Testamento. A última "semana" também acontecerá sob condições e circunstâncias semelhantes às existentes no tempo do Antigo Testamento. Além disso, vemos no Apocalipse (capítulos 5 até 18) que normalmente são usados símbolos do Antigo Testamento para descrever a época da Grande Tribulação e os que vivem nela. Pessoalmente sou de opinião, e com isso chego à sua segunda pergunta, que o templo em Jerusalém será reedificado e que voltarão a ser feitos sacrifícios nele, o que se percebe muito claramente pelo que está escrito no capítulo 12 do livro de Daniel. No início dessa passagem lemos de um tempo de angústia como nunca houve, e mais adiante está escrito que o sacrifício diário e o holocausto serão tirados. Portanto, voltará a haver sacrifício diário e holocausto.
A Segunda Epístola aos Tessalonicenses (capítulo 2, especialmente o versículo 4) e Apocalipse 11 também relatam que em Jerusalém haverá novamente um santuário onde o anticristo se assentará.Não creio que esse santuário seja a Igreja. Pois sempre que a palavra "santuário" (ou "templo") se refere simbolicamente à Igreja ou a Jesus, isso é mencionado no próprio texto. Mas como este não é o caso em 2 Tessalonicenses 2, creio que então de fato haverá novamente um templo em Israel.
Ezequiel 46 fala da situação no Milênio, onde também haverá novamente um templo, isto é, o verdadeiro templo do Senhor em Jerusalém, onde o próprio Senhor Jesus reinará. E ali os sacerdotes também exercerão novamente o seu ministério, e também serão feitos sacrifícios, realizados em memória do sacrifício do Calvário. E como já no Antigo Testamento os sacerdotes viviam de certas partes dos sacrifícios, assim também no Milênio eles se alimentarão de determinadas partes dos sacrifícios que cozerão. Ali também se fala de cozer no forno, onde certamente serão novamente cozidos pães, por exemplo, os pães da proposição que voltarão a ser colocados no templo.